domingo, 29 de junho de 2008

Três Vezes James Dean



James Dean viveu rápido e morreu jovem. Foram três filmes em pouco mais de um ano até o acidente automobilístico que lhe tirou a vida em 30 de setembro de 1955. Aos 24 anos, ele saía do mundo dos astros para entrar no universo dos mitos do século 20.
Os três longas- metragens feitos entre 1954 e 1955 consolidaram a imagem de Dean como ícone da rebeldia no cinema. No final dos anos 1950, o inconformista vivido pelo ator atendia os anseios de uma juventude que colocava em cheque os valores impostos por suas famílias. Logo virou influência no comportamento e no modo de vestir dos jovens.
Ele é um desajustado nos três filmes que tive o prazer de rever em DVD.

  • Vidas Amargas (East of Eden, 1955) Sob a batuta de Elia Kazan este é o primeiro grande papel de James Dean no cinema continua sendo até hoje uma experiência catártica tanto para cinéfilos e fãs de Den. Aqui foi onde ele personificou a imagem de rebelde sem causa para sempre assossiada a sua figura. Ele vive Cal Task, filho de um fazendeiro conservador e religioso (Raymond Massey) que faz de tudo para conseguir a atenção da mãe, a dona de um bordel (Jo Van Fleet) e semeia um ciúme quase doentio pelo irmão (Richard Davalos) e a namorada deste (Julie Harris). Uma cena em particular, quase lá pelo final do filme me emocionou. Aquela que ele dá a seu pai de presente de anivrsário uma quantia razoável em dinheiro proveniente de um trabalho do qual o pai despreza, e é com desprezo que ele recusa o presente. Dean consegue nesse ponto uma encenação brilhante e poderosa digna dos melhores atores que já passaram pelo cinema. ☺☺☺

  • Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955) Juntamente com Vidas Amargas este filme projetou James Dean a posição de ícone do "juveniilismo" americano da década de 1950. Neste clássico o foco da narrativa está centrado sobre três adolescentes: Plato (Sal Mineo), cujos pais divorciados o abandonaram; Judy (Natalie Wood), que se ressente da falta de afeto do pai; e Jim (James Dean), o forasteiro que chega de mudança à cidade e tem de enfrentar a hostilidade doa colegas na nova escola. Em seu primeiro filme em cinemascope, o diretor Nicholas Ray se revelou um mestre no formato, especialmente na definição das relações tensas em ambientes claustrofóbicos, na ruptura dessas relações em espaços abertos, em conflitos de rua e na escolha metafórica das cores. Filme antológico, o meu favorito de Dean. ☺☺☺☺☺

  • Assim Caminha a Humanidade (Giant, 1956) A saga conjugal de um fazendeiro texano (Rock Husdon) e sua mulher (Elizabeth Taylor), é moldada pelas mudanças históricas nos EUA da primeira metade do século. O filme é centrado nele, um caipira milionário, tradicional e cheio de preconceitos que tem de se adaptar aos novos tempos. Rival de um funcionário (James Dean) que vira empresário de petróleo, Hudson vê os filhos seguirem caminhos diferentes de seus planos. Com uma direção deslumbrante de George Stevens (premiado com o Oscar), o filme conta dramas pessoais para, quase didaticamente, expor sua postura liberal. O maior alvo de sua visão crítica é a forma segregacionista que texanos tratam os mexicanos ao longo do fluxo da história. ☺☺☺

sábado, 21 de junho de 2008

Semana Fassbinder


Quarenta e três filmes realizados ao longo de 16 anos de uma vida que durou 37 anos já impressionariam apenas por critérios estatísticos. Porém, tal como Balzac, para Fassbinder o cinema foi o espelho em que buscou expor as cicatrizes da sociedade alemã e, para isso, muito nunca lhe parecia demais.
Nascido sob as cinzas do nazismo, em maio de 1945, Rainer Werner Fassbinder cresceu com o "milagre econômico" de Konrad Adenauer (chanceler de 1949 a 1963), período durante o qual a ênfase na econômia de mercado aliada a um anticomunismo feroz foi a receita para apagar da memória a barbárie. E sua obra coincide com a ascensão ao poder dos social- democratas, quando os traumas encontravam um remédio suficiente no conforto do consumismo.
Pude essa semana me inteirar um pouco mais profundamente sobre a obra de Fassbinder do qual vi poucos filmes o que permitiu ver em que medida a história não vive apenas do passado, projetando suas sombras sobre o porvir.


Além de uma arguto cronista de seu tempo, Fassbinder foi, mais ainda, um artista obcecado em revelar aos olhos de muitos os efeitos perversos de um modelo social calcado exclusivamente nas forças do individualismo. Suas histórias de amor, de traição, de paixão e de vingança são de fato narrativas políticas, em que as relações íntimas são acima de tudo relações de poder, de submissão e de obediência. "Para mim, o amor é o melhor, o mais insidioso e o mais eficaz instrumento de opressão social", escreveu o diretor.
A tese começa a ser demonstrada no primeiro longa, com o sugestivo título de "O Amor È Mais Frio que a Morte", e, também com "Precaução Ante uma Prostituta Santa", mas essa fase ainda se ressente de intenções demasiado teóricas.


È a partir de 1971, quando Fassbinder descobre os melodramas flamejantes de Douglas Sirk (diretor alemão que consolidou o gênero em Hollywood em filmes como "Palavras ao Vento" e "Tudo que o Céu Permite"), que as armadilhas dos sentimentos encontraram uma forma mais bem acabada de expressão em sua obra.
"As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant" marca o início dessa fase, que já se abre em apogeu. Nessa espécie de filme de Sirk relido por Brecht, a emoção teatralizada de Petra e sua submissão à amante apontam o caminho para Fassbinder interpretar a junção do individual e do social.
"Eu Só Quero que Vocês me Amem" e "Num Ano com Treze Luas" insistem em mostrar, com crueldade, que a ingenuidade tem um preço caro a pagar numa sociedade movida pelo mecanismo de compra e venda.
O sucesso internacional veio com "O Casamento de Maria Braun", retrato perfeito de uma Alemanha que sobrevive às ruínas e se reconstrói à custa do comércio da alma e do corpo.
Já perto do fim de sua obra vem a obra- prima "O Desespero de Veronika Voss" em que os fantasmas pessoais se tornaram indistintos dos da Alemanha e o resultado é um filme expressionista aterrorizante.
Abaixo meu top 5 Fassbinder:
  1. O Desespero de Veronika Voss (1981)
  2. O Casamento de Maria Braun (1978)
  3. Lili Marlene (1980)
  4. Lola (1981)
  5. Num Ano com Treze Luas (1978)

sábado, 14 de junho de 2008

Voltei!!


Assisti vários filmes durante esse período que estive ausente, porém ainda não estou com espírito para comentar todos. Entre surpresas boas e negativas a experiência cinéfila em casa foi interessante, tomei contato finalmente com filmes que sempre quis assistir.
  • O Pagador de Promessas (1962) Baseado na peça de Dias Gomes e dirigido por Anselmo Duarte. Zé do Burro chega à igreja de Santa Bárbara, em Salvador, para cumprir uma promessa a santa (ou, na verdade, a Iansã, a divindade africana correspondente). Depois de distribuir suas terras aos pobres, ele quer apenas adentrar a igreja com a sua cruz, e é impedido pelo padre. O vencedor da Palma de Ouro de Cannes 62 trata de forma emocionante questões como o misticismo, a quebra das convenções e a vitória do oprimido contra o opressor. ☺☺☺☺
  • O Céu Mandou Alguém (3 Godfathers, 1948) Releitura da história dos três Reis Magos tendo o velho oeste como cenário e John Wayne como protagonista. Na direção ninguém menos que John Ford. Apesar de tudo isso o filme em nenhum momento decola e nem cativa ao contrario de muitos western modestos por aí.O filme prometia (algumas sequências são realmente boas) mas não cumpriu nem metade das minhas expectativas! ☺☺

  • Jejum de Amor (His Girl Friday, 1940) Uma repórter anuncia que está deixando o trabalho para levar uma vida doméstica, ao lado do noivo. Seu editor e ex-marido (tinha que ser Cary Grant) tenta convencê-la a mudar de idéia. O filme retrata extraordinariamente bem os bastidores da notícia (afinal é baseada na peça "A Primeira Página" já filmado inúmeras vezes, mas cuja melhor versão continua sendo essa que, ironicamente foi a que mais alterou o texto original). O filme é uma conjunção favorável de fatores: a direção magnífica de Haword Hawks, os diálogos rápidos e excelentes e a dupla central de atores. Uma obra- prima charmosa como só Hollywood daquela época e Hawks sabiam fazer. ☺☺☺☺
  • Querelle (Idem, 1982) Drama homossexual, baseado no romance de Jean Genet, Querelle de Brest. Querelle é um truculento marinheiro, atiçador de desejos, que envereda pela marginalidade em busca de prazer. É com violência que experimenta, pela primeira vez, sentir e oferecer amor. Último filme de Fassbinder (realizado logo apos a obra-prima O Desespero de Verônica Voss), demonstra claramente o quanto o diretor sentia a iminência da morte, embora o filme não trate diretamente do assunto, a morbidez impregna o filme intero. Barra pesadíssima, filmada em tons de eterno entardecer. ☺☺

  • Antoine e Colette (Antoine et Colette, 1962) Média metragem que faz parte do filme episódico "Amor aos Vinte Anos" dirigido por cinco cineastas diferentes. Essa aqui é dirigido por François Truffaut que dá continuidade ao personagem Antoine Doinel que apareceu pela primeira vez em "Os Incompreendidos". Agora Antoine esta com 17 anos e vive sozinho em Paris, nesse filme ele conhece o primeiro amor e a primeira decepção ao se apaixonar por Colette. A vontade que se tem assistindo aos filmes sobre a vida de Antoine e que eles nunca acabem, esse a frustração é ainda pior pelo fato de só durar 30 minutos!! ☺☺☺☺

sábado, 7 de junho de 2008

Semana Boa !!


Essa semana assisti filmes tão díspares entre si e muito bons. Entre drama, western, terror e romance fica a certeza que a semana que passei em casa não foi de um todo assim tão ruim. Muita gente pode pensar que eu sou louca em achar que isso é significativo, mas acreditem para um cinéfilo isso é importante!
  • Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, 1960) Akira Kurossawa dizia que o western sempre foi para ele uma fonte de inspiração. Este clássico do gênero, dirigido por John Sturges faz o caminho inverso, baseando-se em Os Sete Samurais, filme do diretor japonês. Na história um pistoleiro é contratado para proteger um vilarejo dos saques de um grupo de bandidos. Para ajudar na atarefa, recruta os cinco melhores pistoleiros das redondezas. O último reforço vem de um teimoso rapaz, que insiste em se juntar ao grupo. Numa cena tensa, os pistoleiros conversam sobre suas vidas errantes, compondo uma interessante lista de carências. ☺☺☺

  • Como Era Verde o Meu Vale (How Green Was My Valley, 1941) Drama clássico do diretor especialista em western John Ford. Uma história feita de lembranças de uma época dourada que aos poucos foi sendo destruída, talvez com a modernidade, talvez porque nada de bom é eterno ou talvez mesmo porque nosso herói vai crescendo e tomando conhecimento do que acontece ao seu redor. Conhece o amor, o sofrimento, o pecado, a vingança, o ódio, etc. Tão marcante, verdadeiro e "atual" quanto As Vinhas da Ira, outro excelente drama de Ford. ☺☺☺

  • Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, 2004) Finalmente resolvi alugar esse terror, fazia tempos em que ensaiava assisti-lo. O filme é refilmagem de O Despertar dos Mortos (1978) do mestre George Romero que já tinha visto há alguns anos e não tinha gostado muito. O fato é que Madrugada dos Mortos me surpreendeu. É um terror bem feito, com muito sangue, tiros e gritos. Algumas sacadas são ótimas, porém faltou um clima mais tenso, elemento fundamental de um filme de zumbi. No mesmo ano a comédia de humor negro Todo Mundo Quase Morto conseguiu supera-lo com uma trama ainda mais inteligente e tensa. Ainda assim é bom filme de Zumbi que mostra que esse sub-genêro ainda tem muito que ser explorado. Dirigido por Zack Snyder do pavoroso filme 300 (2007). ☺☺☺

  • Jules e Jim- Uma Mulher Para Dois (Jules e Jim, 1962) Hoje tive a oportunidade de rever essa obra- prima surpreendente sobre um tema batido: o triângulo amoroso. François Truffaut nos relata a história de uma mulher que mantém um relacionamento amoroso com dois homens ao mesmo tempo durante vinte anos. Ou seja o filme não é sobre Jim, não é sobre Jules é sobre Catherine(papel da intragável Jeanne Moreau) que é livre para escolher . Um hino à liberdade amorosa e sexual feminina, muito bem conectado com a contra-cultura da época (a história passa-se no início do século 20, mas o espírito é todo anos 1960). ☺☺☺☺☺

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Weekend


Nesse fim de semana fez tanto frio na cidade que só dava vontade de ficar em casa bem quentinha. Uma oportunidade e tanto para poder assistir dvds. Não sou do tipo que gosta de se manter super atualizados com os lançamentos, então geralmente alugo filmes mais antigos.
  • O Assassino da Furadeira (Driller Killer,1979): O baixo orçamento não foi problema para Abel Ferrara que realizou uma obra obsessiva e demente onde um artista plástico (o próprio Ferrara) cheio de dívidas e problemas começa a ter bizarras alucinações até pirar. Ele passa então a matar pessoas com uma furadeira. O filme é comparado muitas vezes a Repulsa ao Sexo de Polanski. A temática é quase a mesma (delírios psicoticos dentro de um apartamento) porém está anos luz aquém da obra- prima de Polanski, mas ainda assim é um filme interessante. Nota 7
  • Sorrisos de uma Noite de Amor (Sommarnattens Leende, 1955): Primeiro sucesso internacional na carreira de Ingmar Bergman. Isso já seria o suficiente para atrair a atenção de quem é fã das obras desse diretor, mas o que mais me interessou foi fato de o filme ser classificado como uma comédia romântica leve. E de fato é. Apesar dos traços de gênio e da maneira mais livre de tratar de sexo, o filme até pode passar como uma comédia americana típica dos anos 50. E isso é um elogio (afinal, convenhamos o americanos são mestres da comédia). Na virada do século, durante uma encantadora noite de verão numa casa de campo, um grupo de pessoas vive divertidos encontros e desencontros amorosos. ☺☺☺
  • Barton Fink- Delírios de Hollywood ( Barton Fink, 1991): Em 1940, um dramaturgo tímido (John Turturro) faz sucesso com uma peça de teatro e, em consequência, é convidado a escrever um roteiro de cinema. Porém, ao chegar a Hollywood, encontra um mundo frio e cruel que o faz entrar em crise de identidade. Sinceramente não foi uma experiência das mais fáceis assistir a esse filme. Muito Lento e delirante. É considerado uma das melhores obras dos irmãos Coen e levou os prêmios principais em Cannes, porém dentre os filmes que assisti dos irmãos não foi dos melhores. Mas ainda assim é um mérito e tanto diretores que não tem medo de ousar e utilizam verdadeiramente a criatividade como elemento fundamental. ☺☺☺
  • Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994): Finalmente tive a chance de assistir a esse filme muito elogiado por público e crítica. E de fato o filme é poderoso e vibrante, repleto de momentos emocionantes (sem cair é claro para a xaropada) e ao contrario de alguns filmes-cadeia não condena nem vitimiza os detentos. Na história Andy Dufresne (Tim Robbins) é um banqueiro condenado injustamente por ter assassinado a esposa. Enviado a uma das piores penitenciárias dos EUA, enfrenta a dura vida de um novato na prisão. Aos poucos vai conquistando a amizade de outros presos, sobretudo a de Red (Morgam Freeman). O diretor Frank Darabont voltaria a adaptar um texto-cadeia de Stephen King em A Espera de um Milagre, também ótimo, porém esta continua sendo a melhor adaptação para o cinema de um livro de Stephen King. ☺☺☺☺
Afora o filme citado acima, meu top 5 Stephen King:
  1. O Aprendiz (1998)
  2. Conta Comigo (1986)
  3. O Iluminado (1980)
  4. Louca Obsessão (1990)
  5. Á Espera de um Milagre (1999)

domingo, 1 de junho de 2008

Os Filmes da Minha Vida!!

Olha lá eu plagiando Truffaut!! Em seu famoso livro "Os Filmes da minha vida" o diretor tecia críticas apaixonadas e objetivas sobre uma dezena de filmes que lhe marcaram. Eu não tenho esse cacife. Vou listar a principio meus filmes prediletos:

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971) Numa época indefinida, um grupo de delinquentes pratica atos de violência por puro prazer. O líder do bando Alex (Malcom MacDowell, em atuação excepcional), é preso e passa por uma lavagem cerebral que tenta eliminar seus instintos violentos. A violência do indivíduo é fichinha perto da violênciadvd_16052 do estado. A idéia, já contida no profético livro de Anthony Burgess que inspirou o filme, é enfatizada com todas as cores e sons por Stanley Kubrick. Uma cenografia entre o clean e o kitsch é devassada por uma câmera em perpetuo e vertiginoso movimento, captando os menores detalhes a partir dos ângulos mais surpreendentes. A música predominante é Beethoven em arranjos deliberadamente modernosos. As sequências mais brutais são coreografadas com um cinismo e humor negro quase insuportáveis. O filme durante muito tempo esteve proibido e diversos países (inclusive,claro no Brasil), e foi banido da Grã-Bretanha , a pedido do próprio Kubrick depois de desencadear uma onda de imitação entre a juventude local.

Os Incoincompreendidosmpreendidos (Les 400 Coups, 1959) Filme fundamental da Nouvelle Vague- o movimento criado por críticos de cinema franceses- e um dos mais importantes da história do cinema. Estréia na direção de François Truffaut que apresenta pela primeira vez seu alter- ego Antoine Doinel (Jean Pierre Léaud) aos 13 anos. Rebelde, o moleque vive em conflito com os pais e os professores. Consegue se libertar da tirania de ambos por meio dos livros, das amizades, dos filmes a até mesmo da delinquência. A infância era um dos temas preferidos do autor.

O Sétimo Selo (Sjunde inseglet, 1957) É o filme mais acessível, apesar de metafórico do cineasta sueco Ingmar Bergman. Feito nos anos 1950, década na qual os questionamentos metafísicos do cineasta se expandiram pelo ocidente, é obra de um simbolismo, se não óbvio, ao204538 menos cristalino. Trata-se da busca de um cavaleiro medieval (Max Von Sydow) por uma lógica divina enquanto uma epidemia mortal mata a rodo na Europa. O personagem desafia a morte em jogo de xadrez, pergunta a ela sobre a razão da vida, mas não encontra respostas. Há humor nisso, mas é venenoso. Bergman mostra a transição da idade das trevas para as das luzes ao matar Deus e exibir o homem como sujeito do destino. A direção incorpora influências da pintura e do teatro, no visual e nas atuações, mas as utiliza em benefício do cinema. Primoroso!!

A Felicidade Não se Compra (It's a Wonderful Life, 1946) O mais felicidade-nao-se-compra-poster02 famoso filme de Frank Capra em que ele sintetiza magistralmente o humanismo exacerbado de toda a sua obra, marcada por homens comuns que se transformam em heróis na luta contra os monstros da corrupção, da ganância e da avareza. James Stewart esta insuperável na pele de George Bailey, o homem de coração de ouro e honestidade a toda à prova que se encontra à beira do suicídio em plena véspera de Natal. Uma rápida reunião celeste designa então uma anjo da guarda para resgatar o suicida.

Tempos Modernos (Modern Times, 1936) Nenhum diretor resistiu mais ao cinema sonoro do que Charles Chaplin: ele sabia que esse avanço tecnológico era a morte de seu Carlitos. Por isso mesmo, fez Tempos Modernos sem diálogos, apoiado essencialmente na música. 666EA_1 Não por acaso, é também um filme contra o avanço tecnológico, em que Carlitos é um operário às voltas com a crueldade do maquinário e as exigências da indústria. Esse motivo o ajudou a fazer, aqui, algumas de suas gags mais inesquecíveis, que triunfam com facilidade sobre seu lado meio sentimentalóide. Mas o que se desenha neste filme, que o faz genial, não é o humanismo fácil. É, sim, a crítica aguda da modernidade, a percepção de que este mundo do progresso, aparentemente triunfante, vive no abismo do desequilíbrio, à beira de um desarranjo brutal, prestes a desintegrar-se, vítima não de uma ameaça externa, mas de si mesmo. Sob esse aspecto, não é exagero dizer que esta é o mais atual dos Carlitos. Aqui, sua mímica transforma o impossível em possível, o inacreditável em matéria.

Pra Começar!!

Hoje entra no ar o meu Blog. Meu objetivo é falar da minha paixão principal: Cinema. Também posso chegar a falar de livros, músicas e afins.