quarta-feira, 16 de julho de 2008

Hitchcock Parte III


Bom chego agora para a última parte de comentários dos filmes que assisti de Hitchcock Pensando bem, como pretendo ver filmes "inéditos" para mim do mestre, acredito que não seja assim de fato a última parte. Foi incrível recordar as obras desse maravilhoso cineasta e o que me da a idéia de fazer isso com outros diretores que adoro, como certo modo também já fiz com Roman Polanski.
  • O Terceiro Tiro (The Trouble With Harry, 1955) Um Hitchcock atípico (mas não menos brilhante), que privilegia o humor negro em lugar do suspense habitual. Num bucólico vilarejo da Nova Inglaterra, um garoto (Jerry Mathers) encontra um cadáver deitado na relva e vai correndo contar a novidade à mãe (Shirley MacLaine, impagável em seu primeiro papel). É o estranho humor que faz o encanto desta comédia ao mesmo tempo lírica e macabra. Hitchcock contou com uma trilha sonora irônica (a primeira de Bernard Herrmann para ele), com um elenco inspirado e diálogos irresistíveis de seu roterista habitual, John Michael Hayes. ☺☺☺
  • Um Corpo Que Cai (Vertigo, 1958) James Stewart está perfeito como o detetive que sofre de acrofobia e segue uma misteriosa loira (Kim Novak) a pedido do marido- um velho amigo seu que acredita em reencarnação. Ela anda obcecada pela vida de uma mulher do século 19, muito semelhante a si mesma. Tudo indica que Hitchcock está tramando uma história de assombração, mas neste filme todas as aparências enganam. Ambientada em uma coloridíssima San Francisco, é uma das maiores obras de arte da história do cinema, para ver e rever- sempre com o mesmo prazer. ☺☺☺☺☺
  • Intriga Internacional (North by Northwest, 1959) Cary Grant na pele do publicitário Roger Tornhill cumpre uma via crúcis pelo interior dos EUA, em ônibus, trens e automóveis, para provar a espiões estrangeiros que não é o agente da CIA Kaplan (que aliás não existe). Sequências antológicas, como a do ataque a Torhill no meio de um milharal por um avião pulverizador em vôos rasantes, revelam a faceta kafkiana de Hitchcock, ao situar o homem, sozinho e indefeso, diante de forças que ele não compreende e das quais não pode fugir. Um dos filmes emblemáticos do mestre. ☺☺☺☺☺
  • Psicose (Psycho, 1960) Primeiro exercício de horror puro de Hithcock, é a história do pertubado Normam Bates (Anthony Perkins) que aparentemente é dominado pela mãe, que o obriga a cometer assassinatos. Psicose é a verdadeira semente de todos os serial killers do cinema. Baseado no caso real do canibal Ed Gein que também inspirou outro clássico O Massacre da Serra Elétrica, mostra que o verdadeiro horror (aquele de tirar o sono) não reside no sobrenatural, no fantástico, como era a ordem dos filmes de terror da época; mas no cotidiano moderno, bem ao nosso lado. Depois de Psicose o cinema de terror nunca mais foi o mesmo. ☺☺☺☺☺

  • Os Pássaros (The Birds, 1963) Depos de Psicose, Hitchcock ficou dois anos sem filmar, pensando como poderia emocionar o público de uma forma que a TV jamais seria capaz. A resposta veio com Os Pássaros, cuja a idéia básica foi inspirada num conto de Daphne du Maurier (a mesma de Rebecca). Melania Daniels (Tippi Hedren, mãe de Melanie Griffith) sai de San Francisco e vai para Bodega Bay levar um casal de passarinhos para a irmãnzinha de Mitch Brenner (Rod Taylor). A presença da forasteira e seu embate com a mãe possessiva de Mitch (Jessica Tandy) parecem desencadear lentamente a catástrofe. Cansados de serem engaiolados, agora são os pássaros que enjaulam os homens. Segundo Truffaut, "o cinema foi inventado para que semelhante filme pudesse ser feito". ☺☺☺☺☺
  • Marnie, Confissões de uma Ladra (Marnie, 1964) Um apimentado conto de fadas de Hitchcock. O empresário Mark Rutland (Sean Connery) descobre que além de belas pernas, sua secretária Marnie Edgard (Tippi Hedren) tem mãos leves. É um filme notável pelo desenvolvimento do suspense e hábil composição de personagens complexos. Particulamente interessante ver, mais uma vez a forma como Hitch retratava as mães dos seus filmes, sendo a maioria seres desequilibradas, possessivas ou beirando ao ridículo. Uma estranha obsessão de Hitch. E Sean Connery mostra que já era um ótimo ator, equilibrando charme e humor como poucos e conseguindo desvincular sua persona do 007. ☺☺☺
  • Frenesi (Frenzy, 1972) Penúltimo filme do diretor, marcou seu retorno à sua Inglaterra natal depois de mais de vinte anos trabalhando nos Estados Unidos. Hitchcock decidiu encerrar sua carreira com uma história do tipo Jack, o estripador. Para isso, voltou à sua Londres, contratou atores desconhecidos, em uma produçao modesta para contar o drama de um pobre desempregado (Jon Finch, do Macbeth de Polanski) que é confundido com o criminoso conhecido como "o assassino da gravata", sem saber que o verdadeiro culpado está bem próximo. O diretor realizaria mais um filme, mas esta é sua verdadeira despedida do cinema. Frenesi é um filme-síntese, retomando alguns temas constantes na obra de Hitchcock- a transferência da cupla, o falso culpado, crimes de natureza sexual, a busca desesperada pela verdade- entremeados de um humor britânico e de um requinte narrativo, que explora ao máximo os recursos da linguagem cinematógrafica (repare como Hitch mostra o primeiro assassinato e depois todos os outros são cometidos sem nós vermos, no entanto o horror e o efeito são os mesmos) para integrá-los num todo harmonioso, em que nada parece excessivo ou fora de ordem. ☺☺☺☺☺
  • Trama Macabra (Family Plot, 1976) O derradeiro trabalho do mestre absoluto do suspense, demonstra que ele guardou até o fim seu humor terrível, pregando-nos uma última e devastadora peça. Um motorista de táxi, uma vidente charlatã e um cobiçado herdeiro desaparecido são personagens que Hitchcock desenvolve com complexidade e direção precisa. Ele expõe minunciosamente suas personalidades (ridiculamente ingênuas) e depois arma as complexas ligações envolvendo sequestro, jóias e muitos dólares. ☺☺☺
Abaixo meu Top 5 Hitchcock:
1. Um Corpo Que Cai
2. Janela Indiscreta
3. Psicose
4. Os Pássaros
5. Festim Diabólico

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